Resenha de Cadê você, Bernadette? – Maria Semple

Bernadette Fox foi uma arquiteta bem-sucedida, inovadora e também conhecida pelo comportamento temperamental. Após uma tragédia profissional, porém, ela largou a arquitetura, se mudou para Seattle e transferiu todo o foco para a vida pessoal, ao lado do marido Elgin Branch, guru tecnológico da Microsoft. Depois de uma série de abortos, Bernadette deu à luz a pequena Bee, a quem passou a se dedicar integralmente. Antissocial, a misteriosa e temperamental ex-arquiteta fez inimigas na comunidade, mas sempre teve a admiração e confiança da filha. Até que, às vésperas de uma viagem em família para a Antártida, Bernadette some do mapa e arruína a vida de Bee.

Cadê você, Bernadette? mescla cartas, e-mails, bilhetes, documentos e trechos em primeira pessoa, narrados por Bee, e assim conta passado, presente e futuro da família Fox-Branch, revelando aos poucos, mas na hora certa, os acontecimentos que, ao longo de anos, levaram ao desaparecimento de Bernadette. Maria Semple foi capaz de imprimir no livro um clima que mistura doses certeiras de sarcasmo, inteligência, perspicácia, bom-humor e mistério, ingredientes que valorizam uma história que já é rica em fatos inusitados e detalhes que constroem a trama de maneira consistente, porém surpreendente.

Bernadette e Bee são meu tipo favorito de personagem – ou seja, profundas, complexas e tridimensionais -, além de extremamente fiéis uma a outra, o que é uma das essências do livro. Apesar de ser uma verdadeira caça ao tesouro (ou a Bernadette), a obra de Maria Semple não busca apenas localização geográfica da personagem, mas procura também resgatar as relações entre mãe e filha, pai e filha e marido e mulher. Um livro inteligente e envolvente como poucos, Cadê você, Bernadette? é original e uma ótima recomendação.

Título original: Where’d you go Bernadette?
Editora: Companhia das Letras
Autor: Maria Semple
Publicação original: 2012